A síndrome do intestino irritável refere-se a uma síndrome funcional, crônica e muitas vezes incapacitante. Caracterizada por hábitos diarreicos, de constipação, dor, desconforto, flatulências e distensão abdominal. Caracteriza-se por uma doença funcional, já que possui ausência de anormalidades estruturais e bioquímicas em todos os exames complementares, laboratoriais e de imagem.
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma das principais doenças gastrointestinais que acometem a população mundial, juntamente com a gastrite. Uma das maiores razões de consultas em gastroenterologia no
Brasil.
O acompanhamento da síndrome deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por Gastroenterologista, Nutricionista, Psicólogo e Educador físico.
Dr Bernardo Galvão é especialista em Gastroenterologia e conta com uma equipe multidisciplinar para te auxiliar nesta comorbidade que tanto afeta sua qualidade de vida.

Quais as causas da Síndrome do Intestino Irritável?
Fatores alimentares:
- Refeições com alto teor de calorias ou gordura
- Alimentos que contêm carboidratos mal absorvidos pelo intestino delgado, como trigo, laticínios, feijão, chocolate, café, chá, alguns adoçantes artificiais, alguns tipos de verdura e frutas
- Comer muito rápido ou comer após ficar um longo período de jejum
Fatores emocionais:
- Estresse
- Ansiedade
- Depressão
- Medo
- Síndrome do pânico
- Ataques de pânico
- Stress pós-traumático
- Antecedentes de abuso sexual
Outros fatores:
- Doenças virais
- Hormônios
- Infecções
- Processos inflamatórios –> Doença inflamatória intestinal
- Alterações na sinalização entre o cérebro e intestino
- Alterações da mobilidade gastrintestinal
- Hipersensibilidade intestinal

Quais os sintomas da Síndrome do intestino irritável?
A Síndrome do intestino irritável tende a começar na adolescência e por volta dos 20 anos de idade, causando surtos de sintomas que aparecem e desaparecem em intervalos irregulares. O início dos sintomas da SII na idade adulta avançada é possível, mas ocorre com menos frequência. As exacerbações ocorrem quase sempre quando a pessoa está acordada e raramente despertam uma pessoa de seu sono.
Sintomas Intestinais:
- Diarreia;
- Constipação;
- Dor abdominal (relacionada ou aliviada pelo ato evacuar);
- Excesso de gases;
- Distensão abdominal;
- Náusea e/ou vômitos;
- Sensação de esvaziamento completo após defecar;
Sintomas Extraintestinais:
- Dores de cabeça;
- Fadiga;
- Depressão;
- Ansiedade;
- Dores musculares;
- Problemas de sono;
- Dificuldade de concentração;
Como diagnosticar a Síndrome do Intestino Irritável?
O paciente deve passar por uma consulta com Gastroenterologista, no qual, ele poderá avaliar o paciente como um todo. O diagnóstico se baseia em excluir outras causas orgânicas e mais graves e após essa exclusão, encaixar o paciente como portador da síndrome do intestino irritável.
Uma consulta com especialista é importante, justamente, para excluir causas mais graves e tranquilizar o paciente quanto a benignidade do caso. E assim, poder ajudar o paciente da melhor forma. Devolvendo sua qualidade de vida e controlando seus sintomas.
A maioria das pessoas com SII parece ser saudável. O médico faz o diagnóstico da Síndrome do intestino irritável com base nas características dos sintomas da pessoa. O médico também utiliza critérios padronizados, baseados em sintomas, para diagnosticar a SII, denominados critérios de Roma. É possível que ele também faça exames para diagnosticar doenças comuns que podem causar sintomas semelhantes, sobretudo quando a pessoa tiver mais de 45 anos ou estiver apresentando sinais de alerta, como, por exemplo, perda de peso e sangramento retal ou se tiver idade avançada.
O médico utiliza os critérios de Roma para diagnosticar a SII em pessoas que tiveram dor abdominal no mínimo uma vez por semana nos últimos três meses, juntamente com dois ou mais dos seguintes sintomas:
- Dor relacionada à defecação.
- Dor associada a uma mudança na frequência da evacuação (constipação intestinal ou diarreia).
- Dor que está relacionada a uma alteração na consistência do alimento.
O exame físico geralmente não revela nada anormal, exceto sensibilidade na região do intestino grosso algumas vezes. O médico realiza um exame retal digital, em que um dedo enluvado é inserido no reto da pessoa. É possível que a mulher também realize um exame pélvico
O médico geralmente realiza alguns exames, tais como exames de sangue, para diferenciar a SII de outros quadros clínicos, como a doença de Crohn, retocolite ulcerativa, câncer (principalmente em pessoas com mais de 45 anos), colite microscópica, doença celíaca e outras doenças e infecções que podem causar dor abdominal e alterações nos hábitos intestinais. O resultado desses exames é geralmente normal em pessoas com SII.
É possível que o médico realize outros exames, como, por exemplo, uma ultrassonografia do abdominal ou outros exames de imagem do intestino em pessoas que estão apresentando sintomas que não são comuns na SII, como febre, fezes sanguinolentas, perda de peso e vômitos. A colonoscopia costuma ser realizada em pessoas com mais de 45 anos de idade para descartar a possibilidade de tumores ou pólipos no intestino grosso.
Outros distúrbios do trato digestivo (como apendicite, doença na vesícula biliar úlceras e câncer) podem aparecer em pessoas com Síndrome do intestino irritável, sobretudo após os 45 anos de idade. Assim, outros exames podem ser necessários caso os sintomas da pessoa apresentem uma mudança significativa, caso novos sintomas surjam ou caso os sintomas sejam incomuns para a síndrome do intestino irritável.
Uma vez que os sintomas da síndrome do intestino irritável podem ser desencadeados por estresse e conflitos emocionais, o médico faz perguntas para ajudar a identificar a presença de estresse, ansiedade ou transtornos do humor. O médico também faz perguntas para descartar a possibilidade de abuso de laxantes.

Quais tratamentos não farmacológicos podem auxiliar o paciente?
Aumento da atividade física, ou início da prática. Pode levar a diminuição da severidade dos sintomas e menor progressão dos sintomas ao longo do tempo. A prática da Yoga, por exemplo, tem mostrado bons resultados tanto na melhora dos sintomas intestinais, quanto diminuindo os níveis de ansiedade.
A prática de meditação tem auxiliado bastante os pacientes no controle de sintomas ansiosos e, consequentemente, nos sintomas clínicos da síndrome do intestino irritável.
Pela grande relação com o estado psicológico do paciente, a terapia cognitivo comportamental é indicada em
alguns casos.

O que posso e não posso comer para melhorar meus sintomas?
Estudos recentes demonstraram que uma dieta rica em alimentos altamente fermentáveis, conhecidos como FODMAPs exacerbam os sintomas do intestino irritável. Trata-se de carboidratos de cadeia curta que não são completamente digeridos ou absorvidos e, consequentemente, são fermentados no intestino produzindo gases e levando ao desconforto abdominal/diarreia.
Dessa forma, é imprescindível que o paciente seja bem avaliado e encaminhado para um nutricionista capacitado para elaborar uma dieta adequada e que esteja relacionada com a redução dos sintomas relatados.
O sorbitol, um adoçante artificial utilizado em alguns alimentos e gomas de mascar, não deve ser consumido em grandes quantidades. A frutose, um açúcar encontrado em frutas, bagas e algumas plantas, deve ser ingerida apenas em pequenas quantidades. A pessoa com síndrome do intestino irritável que não consegue digerir o açúcar lactose (um quadro clínico denominado intolerância a lactose, que se encontra no leite e outros laticínios, deve apenas consumir laticínios com moderação.
A pessoa pode tentar reduzir o consumo dos alimentos mencionados acima, um de cada vez, e observar se os sintomas mudam, ou ela pode tentar seguir uma dieta pobre em FODMAP, que restringe todos esses alimentos ao mesmo tempo. Se alterações na dieta causarem o alívio dos sintomas, a pessoa pode reintroduzir gradativamente os alimentos restritos, um de cada vez, e monitorar seus sintomas.

Quais as opções de tratamento farmacológico?
Determinados laxantes são moderadamente seguros e geralmente eficazes para pessoas com constipação intestinal. Tais laxantes incluem tanto aqueles que contêm polietilenoglicol, quanto os laxantes estimulantes, tais como os que contêm bisacodil ou glicerina. Os laxantes lubiprostona, linaclotida e plecanatida, que exigem receita médica, também podem aliviar a constipação intestinal. A prucaloprida é outro medicamento que afeta a motilidade do intestino e pode ajudar pessoas com constipação crônica.
Medicamentos anticolinérgicos, como, por exemplo, a hiosciamina, às vezes podem ajudar a aliviar as dores abdominais ao bloquear os espasmos dos músculos intestinais. Contudo, esses medicamentos frequentemente causam efeitos colaterais anticolinérgicos como, por exemplo, boca seca, visão turva, ou dificuldade em urinar.
Medicamentos antidiarreicos, como, por exemplo, o difenoxilato ou a loperamida, ajudam pessoas com diarreia. A eluxadolina é outro medicamento que pode ser administrado a algumas pessoas com diarreia grave causada pela SII.
Os medicamentos antiespasmódicos são bem utilizados em pacientes com intestino irritável. São utilizados com o intuito de diminuir a dor abdominal, sendo mais comum a prescrição de butilescopolamina ou a mebeverina.
A rifaximina, um tipo de antibiótico, pode ser receitado para aliviar os sintomas de diarreia, dor e distensão abdominal.
A alosetrona é ocasionalmente usada para diarreia em mulheres mais velhas para as quais outros medicamentos são ineficazes. Contudo, a alosetrona foi associada a um aumento do risco de apresentar colite isquêmica e, portanto, seu uso é limitado nos Estados Unidos.
Determinados antidepressivos ajudam a aliviar os sintomas de dor abdominal, bem como de diarreia e distensão abdominal em muitas pessoas. O uso prolongado de determinados antidepressivos como, por exemplo, a nortriptilina ou a desipramina, frequentemente é útil. Os antidepressivos, além de aliviarem a dor e outros sintomas, também podem ajudar a aliviar problemas do sono, depressão ou ansiedade.
É possível que sejam administradas bactérias probióticas, que são naturalmente encontradas no organismo e promovem o crescimento de bactérias benignas.
Óleos aromáticos, como o óleo de menta, frequentemente ajudam a aliviar a dor causada por cólicas em algumas pessoas.

Qual o prognóstico da Síndrome do intestino irritável?
A Síndrome do Intestino Irritável é hoje uma doença que atinge uma parcela significativa da população mundial, e causa um grande ônus, tanto na vida pessoal do paciente como na financeira. Dado que gera grande estímulo para encontrar métodos de manejar tal aflição, e os encontrados atualmente mostram-se eficazes em uma análise caso a caso. Isso também demonstra que, muitas vezes, o prognóstico depende de múltiplos fatores e de uma abordagem individualizada para cada paciente. Contudo, pode-se acreditar em bons prognósticos no manejo da doença.
Em resumo, o acompanhamento com gastroenterologista especializado e sua equipe multidisciplinar pode transformar a vida do paciente. Dando ao paciente, maior qualidade de vida, diminuindo e até mesmo, levando o paciente ficar assintomático.
Fontes: